Apesar das dificuldades acima referidas, calor trópico da noite e mosquitos que não deixaram dormir, não conseguimos resistir. Cada um encontrava o seu lugar na garagem, utilizando as moçilas que traziam como almofada e no meio da brincadeira, anedotas e risos sob espreitadelas de segurança de Soeharto e batalhão de jornalistas estrangeiras e nacionais noutro lado de grade conseguimos adormecerer.
Quando abrimos os olhos já era de dia. Era domingo, dia 13 de Novembro. Não podiamos tomar banho. Para fazer as necessidades, embaixada providenciou-nos uma lata (um latão) no canto mais fundo da embaixada para o efeito. Lavávamos apenas os dentes e a cara e depois cada um volta para o seu lugar.
Era bom que tomávamos um pequeno almoço ou um café quente, mas tudo isso não tinham importância, pelo menos, para aquele momento. Continuávamos sem receber nenhuma refeição ou algo parecida da embaixada. Mas não dávamos importância a isso. Houve até um jornalista que no perguntou, "porque é que não pediamos alguma coisa a embaixada para comer?". A resposta foi de que, "não estavamos aí por causa de comida, estavamos aí por uma causa maior que é a nossa libertação. Se era por causa de comida, estávamos a perder o nosso tempo na embaixada".
Enquanto isso, a cidade de Jakarta estava tentar voltar ao seu rítmo habitual mas, com algumas restrições, principalmente junto á embaixada americana. Parecia-me que a cidade, pelo menos demonstrava através do rosto dos militares indonésios noutro lado de grade, estava a tentar gerir o falhanço de segurança que permitiu a nossa acção na embaixada americana. Pelo menos, uma parte importante do regime de Soeharto estava a ser desmascarado e ainda mais no seu próprio capital político.
A II Cimeria de APEC que estava a preste começar no dia seguinte, a questão de Timor-Leste passou a dominar agenda pelo menos nos círculos de imprensa.
Eram 8 ou um pouco mais quando soubemos notícias através de rádios intercionais (acima referidas) de que os nossos companheiros jovens em Timor tinham feito protesto com o mesmo fim, depois de missa de domingo na residência episcopal em Lecidere. Recebemos notícias com determinação e fé de que a nossa acção iria prolongar. E estavamos dispostos e determinados para este fim. Foi maior onde de solidariedade que recebemos dos nossos companheiros de luta.
13 de Novembro
Houve negociações entre embaixada americana e embaixada de Santa Sé para nos tirarem de lá ou tentativas de nos conseguirem transferir. Pareceu-me que a América não quis manchar o bom relacionamento com Jakarta com a nossa acção antes da chegada do seu presidente e pretendeu, por isso, encontrar uma solução envolvendo outras embaixadas. Regeitamos simplesmente este facto.
Com levantamento dos nossos colegas em Timor deram-nos um grande ânimo.
Demos entender, na conferência de imprensa que seguiu, que a nossa intenção era entregar a petição pessoalmente ao Presidente Bill Clinton ou ao seu secretário estado Warren Christopher.
A possibilidade do nosso desejo de se encontrar pessoalmente com presidente e ou com o seu secretário de estado estava fora de questão. Mas o embaixador Robert L. Barry estava disponível para transportar a nossa petição ao presidente.
Se não estou em erro, não entregamos logo a petição naquele dia. Só entregamos ao embaixador uns dias depois.
A nossa rotina era reunir-se antes de falar com imprensa, contar anedotas para ocupar o tempo e sentar a espera que haja alguma novidade antes de voltar reunir para tomar medidas a seguir.
Deixo aqui a petição dirigido ao Presidente Norte Americano, Bill Clinton que trizíamos para a manifestação na Embaixada Americana em Jakarta.
Quando abrimos os olhos já era de dia. Era domingo, dia 13 de Novembro. Não podiamos tomar banho. Para fazer as necessidades, embaixada providenciou-nos uma lata (um latão) no canto mais fundo da embaixada para o efeito. Lavávamos apenas os dentes e a cara e depois cada um volta para o seu lugar.
Era bom que tomávamos um pequeno almoço ou um café quente, mas tudo isso não tinham importância, pelo menos, para aquele momento. Continuávamos sem receber nenhuma refeição ou algo parecida da embaixada. Mas não dávamos importância a isso. Houve até um jornalista que no perguntou, "porque é que não pediamos alguma coisa a embaixada para comer?". A resposta foi de que, "não estavamos aí por causa de comida, estavamos aí por uma causa maior que é a nossa libertação. Se era por causa de comida, estávamos a perder o nosso tempo na embaixada".
Enquanto isso, a cidade de Jakarta estava tentar voltar ao seu rítmo habitual mas, com algumas restrições, principalmente junto á embaixada americana. Parecia-me que a cidade, pelo menos demonstrava através do rosto dos militares indonésios noutro lado de grade, estava a tentar gerir o falhanço de segurança que permitiu a nossa acção na embaixada americana. Pelo menos, uma parte importante do regime de Soeharto estava a ser desmascarado e ainda mais no seu próprio capital político.
A II Cimeria de APEC que estava a preste começar no dia seguinte, a questão de Timor-Leste passou a dominar agenda pelo menos nos círculos de imprensa.
Eram 8 ou um pouco mais quando soubemos notícias através de rádios intercionais (acima referidas) de que os nossos companheiros jovens em Timor tinham feito protesto com o mesmo fim, depois de missa de domingo na residência episcopal em Lecidere. Recebemos notícias com determinação e fé de que a nossa acção iria prolongar. E estavamos dispostos e determinados para este fim. Foi maior onde de solidariedade que recebemos dos nossos companheiros de luta.
13 de Novembro
Houve negociações entre embaixada americana e embaixada de Santa Sé para nos tirarem de lá ou tentativas de nos conseguirem transferir. Pareceu-me que a América não quis manchar o bom relacionamento com Jakarta com a nossa acção antes da chegada do seu presidente e pretendeu, por isso, encontrar uma solução envolvendo outras embaixadas. Regeitamos simplesmente este facto.
Com levantamento dos nossos colegas em Timor deram-nos um grande ânimo.
Demos entender, na conferência de imprensa que seguiu, que a nossa intenção era entregar a petição pessoalmente ao Presidente Bill Clinton ou ao seu secretário estado Warren Christopher.
A possibilidade do nosso desejo de se encontrar pessoalmente com presidente e ou com o seu secretário de estado estava fora de questão. Mas o embaixador Robert L. Barry estava disponível para transportar a nossa petição ao presidente.
Se não estou em erro, não entregamos logo a petição naquele dia. Só entregamos ao embaixador uns dias depois.
A nossa rotina era reunir-se antes de falar com imprensa, contar anedotas para ocupar o tempo e sentar a espera que haja alguma novidade antes de voltar reunir para tomar medidas a seguir.
Deixo aqui a petição dirigido ao Presidente Norte Americano, Bill Clinton que trizíamos para a manifestação na Embaixada Americana em Jakarta.
- 12 November 1994
The Honourable President of the United States of America,
Mr. Bill Clinton
On behalf of the East Timores student and worker communities, we come to you today, Mr. President, to present the following petition.
It is our wish, on their occasion of the Third Anniversary of the massacre of 12 November 1991, to remind the world that demands for a serious and independent investigation of the Santa Cruz slayings have gone unheeded purely and simply as a result of the West's economic relations with Jakarta and that a systematic violation of human rights in the form of the repression of student, persecution, intimidation, detention and torture continue in East Timor to this day.
Given that we are rapidly approaching the year 2000, set as the time limit for the total eradication of all forms of colonialism and oppression of Peoples;
Given that under your Administration, the United States has proven once again to the world its moral responsibility in relation to the defence of the universal principles of freedom, justice and peace with the successes it has achieved in the difficult Middle East peace process, in the prevention of a second invasion of Kuwait by Iraq and your government's support of the restoration of democracy in Haiti.
We wish to remind you, Mr. President, of the 19 year old conflict in East Timor.
It is our hope that, in an effort to reddres the error of President Ford who, during his stay in Indonesia just days prior to the fateful day of 7 December 1975, gave the green light to Indonesia's Military invasion and occupation of East Timor, you will be prepared to make use of the great moral stature achieved by the United States of America through its condemnation of the violation of the fundamental rights of human beings and peoples to make the following demands of President Suharto:
1. The release of East Timorese Resistance Leader, Kay Rala Xanana Gusmão, and of all East Timorese political prisoners.
2. That the president of Indonesia, who has stated his preparedness to engage in dialogue with anti-integration elements, agree to the participation in such talks of the true representatives of the people of East Timor, including members of the four components of the Resistance the East Timorese Church, CNRM, UDT and Fretilin.
3. That Jakarta grant access to an independent and impartial mission with the aim of conducting a serious investigation into the Santa Cruz massacre.
The Jakarta regime fails to acknowledge the universal nature of Human Rights, arguing that cultural considerations and those of a socio-economic nature must be taken into account. It is this understanding of Human Rights which the regime relies upon to justify its violation of the same in Indonesia.
We therefore appeal to you, Mr. President, to remind President Suharto,
1. of the existence of elderly and incapacitated Indonesian political prisoners who should, as a matter or urgency, be granted amnesty,
2. of the existence of Indonesian political prisoners who after 30 years in jail continue to face the death penalty
Finally, we appeal to you to exert pressure upon Jakarta,
1. to recognise the right of Indonesian workers to organise, to assemble and to freedom of expression.
2. to free union leaders Muchtar Pakpahan and Amosi whose “crimes” are their defence of the right of Indonesian workers.
We firmly believe that the ethical concerns which have guided America’s foreign policy in relation to other countries extend also to Indonesia, and thus we deposit great hope in the decisive influence which the United States of America is able to bring to bear in realizing a solution to the East Timor case which constitutes a flagrant violation of universal principles of International Law.
Jakarta, 12 November 1994
With the highest consideration,
On behalf of East Timorese Student,
On behalf of East Timorese Workers.
Sei tutan...
Publicado por Zito Soares
http://allma.blogs.sapo.pt/
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