A LUTA CONTINUA!

Proclamação da RENETIL 20 de Junho de 1988
RESISTENCIA NACIONAL DOS ESTUDANTES DE TIMOR LESTE
Kria Sociedade nebe kritika, civika no soberana Formasaun Cidadania Hametin instituisaun estadu Kontrola no promove desenvolvimentu social

20 Junho 1988
Fundadores
Kongreso
Historia Congresso Estrutura Document
Hilmar Farid
“Renetil bagi saya bukan sekedar organisai, tapi dia adalah sebuah komitment, dia adalah sebuah senar" - HILMAR FARID (Gerakan Solidaritas untuk Timor).
Fernando La Sama
"prepara elementus profisionais ho konsiensia revolusionaria para rekonstrusaun nasional. Revolusionario ho sentidu katak anti korupsaun, anti nepotismo, anti buat ida dehan katak KKN, servi lolos povu tuir saida mak povu nia hakarak" (AMRT - Arquivo & Museu da Resistência Timorense)
Fernando Lasama Miguel Manetelu Jose Neves Samalarua Francisco JMB Belo

domingo, 15 de novembro de 2009

Memória da ocupação de Embaixada US em Jakarta 1994 (2)

Dia 12 Novembro
Na embaixada

Eram entre 9 e 10 de manhã... estavamos todos cercados num pequeno círculo na garagem da Embaixada. O calor era imenso. Pedíamos água e proibiram-nos de beber água. Pedímos autoriazção para beber água da torneira na garagem e não tivemos autorização.

Forças especiais da embaixada estavam com armas apontadas para nós junto ao murro que separa a garagem e o edifício principal. A polícia anti-motim da Indonésia tentavam entrar e um ou dois responsáveis destas policiais conseguiram entrar e gritámos para os jornalistas, "as forças indonésias estavam a invadir o território americano". Eles conseguiram tirar algum pamfleto da manifestação e no entanto um alto funcionário da embaixada conseguiu fazer com que os militares recuassem para fora da embaixada.

Passado algum tempo chegou alguém da embaixaida para falar connosco. Falou com o nosso porta-voz, Domingos Sarmento Alves. Ele esplicou as razões da nossa acção. Queriam que abandonássemos a embaixada já... mas estavamos aí prontos para morrer e que a nossa exigência era libertação imediata de Xanana Gusmão e inclusão na agenda de APEC o problema do direito à auto-determinação do povo timorense.

Antes de dar primeira conferência imprensa, todos juntos e de mãos dadas rezar terço em homenagem aos companheiros tombados 3 anos antes em Stª Cruz e a todos os que perderam a vida desde o início da ocupação.

Era uma da tarde quando se deu a primeira conferência de imprensa.

Continuávamos proíbidos de sair do círculo e beber água.

Nota: Conto esta memória em homenagem aos companheiros tombados em Stª. Cruz e a todos que morreram em nome da causa maior de libertação durante 24 anos de ocupação sem ninguem saber.

Antes de iniciar a conferência de imprensa, um dos colegas que trazia rádio informou-nos de que o Secretário Estado Warren Christopher havia declarado na Filipina que américa comprendia a nossa acção e que eles não nos expulsariam pela força da embaixada. Esta informação foi recebida com grande contentamento. E naquele momento percebemos que a nossa acção ia durar e acontece o que acontecesse não íamos abandonar tão cedo a embaixada. Estavamos determinados a levar acção até as últimas consequências.

Pois, trazíamos rádio para podermos acompanhar a par e passo as notícias sobre acção estávamos a fazer e suas consequências através de BBC, ABC, Voz da América etc. Ouvir notícias através destes rádios era o nosso hábito em Timor e na Indonésia.

Conferência de imprensa

Depois de rezar o terço, reunião e as informações partilhadas começou a conferência de imprensa. Era feita em Inglês, Indonésia e em Português essencialmente para a agência Lusa.

Domingos Sarmento Alves, a nossa porta-voz, era incansável. Respondia todas as perguntas que tinham sido colocadas pelas jornalistas.

Exigimos a libertação incondicional de Xanana Gusmão e sua participação como líder da resistência nas negociações sobre a resolução do problema de Timor. Exigimos para que américa, através do seu presidente, Bill Clinton, levantasse o problema de timor durante a II Cimeira de APEC da qual indonésia era anfitrião. E não iríamos deixar cair em esquecimento o massacre de Stª. Cruz que tinha sido perpetrado pelos generais indonésios 3 anos antes.

Continuávamos sem puder beber água. Eram duas da tarde e calor era imenso. E uma ou um dos jornalistas conseguiram atirar 3 garrafas de água para nós. Depois das 15 horas tivemos autorização para poder beber água da torneira na garagem. Torneira que a embaixada utilizava para regar as plantas no jordim e lavar os carros da embaixada.

Eram 7 e pouco da noite quando chegou uma delegação do Estado Indonésio. Composta por Dr. Francisco Lopes da Cruz e outros que já não me lembro de quem eram. E se não estou em erro fazia também parte desta delegação o actual presidente da indonésia.

O encontro fui infrutífero para eles. Pois, mal a delegação chegou... perguntávamos ao Sr. Chico Lopes... se ele vinha como timorense falaríamos com ele, mas se ele viesse como representante do estado indonésio estava a perder o seu tempo alí. Foram-se embora porque eles perceberam que não iam conseguir nada alí.

Alguns jornalistas conseguiram mandar dois embrulhos de "nasi goreng" para nós. Éramos 29 e não chegava para toda a gente. Foi entregue aos 2 feridos (DomingosTilman e Zito Soares) que depois partilhou com os outros. Foi somente para enganar o estômago.

A primeira noite caiu e não conseguíamos dormir por causa do calor e mosquitos. Mas o objectivo de estragar a festa ao Soeharto foi cumprido com sucesso.

Sem comentários: