Parabéns RENETIL
Vai a benemérita associação Resistência Nacional de Estudantes de Timor-Leste celebrar os seus vinte e cinco anos de existência, ou seja, as bodas de Prata da fundação ocorrida a 20 de Junho de 1988.
A propósito desta feliz ocorrência, quero apresentar os meus sinceros Parabéns aos membros fundadores e a todos os membros da RENETIL e associar-me às celebrações festivas, e rogo a Deus Nosso Senhor que abençoe todos os que ainda fazem parte da RENETIL; e aqueles que já tombaram em defesa da Pátria, o Senhor dos vivos e dos mortos lhes conceda o descanso eterno.
Por outro lado, a RENETIL vai estar em Congresso. A todos os participantes apresento as minhas saudações formulando votos de felicidades.
Caríssimos congressistas: Recebi o vosso convite para participar a este vosso congresso, mas por causa de anteriores compromissos assumidos, não poderei estar presente corporalmente. Mas estarei em espírito e em solidariedade convosco fazendo votos para que o congresso venha produzir abundantes frutos em benefício da própria RENETIL e em benefício da nossa Pátria.
No dia 20 de Maio de 2002, a Independência de Timor-Leste foi internacionalmente reconhecida por Portugal (país colonizador), pela Indonésia (país ocupante) e pela Comunidade Internacional, através do Secretário-Geral das Nações Unidas, Senhor Kofi Annan. Nesse memorável dia 20 de Maio, o povo timorense exultou de alegria, por ver, finalmente, coroado de êxito o longo combate pela liberdade como “povo e como nação”.
A luta pela independência envolveu várias componentes. A nível interno, destacaram-se as Falintil, as Igrejas (católica e protestante), a Resistência Clandestina, os Lorico Asswain, os intelectuais timorenses, a RENETIL e o povo anónimo das aldeias e vilas. A nível externo: a Diáspora timorense; a Diplomacia portuguesa, os Palops, os meios de comunicação social, vários intelectuais estrangeiros e organizações não governamentais. Foi uma luta conjugada e persistente, lenta e esforçada, mas era luta que valia a pena.
Dentre as varias componentes, quero sublinhar o papel desenvolvido pelos estudantes timorenses (universitários ou de escolas secundárias) que em Timor Timur na Indonésia, Portugal, Austrália ou outros países defenderam corajosamente a independência de Timor-Leste. A luta levada a cabo pela RENETIL traduziu-se em campanhas de sensibilização, de propaganda, de manifestações, de assaltos e ocupações dos espaços dos consulados e das embaixadas. Por causa disso, muitos membros foram perseguidos, presos, torturados; outros desaparecidos e mortos. A tudo resistiram os valorosos membros da RENETIL.
A Independência foi conquistada a ferro e fogo; a liberdade foi adquirida” ho ran no kosar wen”; a dignidade do povo timorense foi reconhecida internacionalmente!
Mas, é um facto insofismável que a independência é um processo longo que tem de ser chegar a todas as camadas das populações. A grande parte da população vive na pobreza; muitos adolescentes e jovens não conseguem acabar satisfatoriamente o curso completo; não há trabalho para todos; as doenças crónicas, como a malária e a tuberculose continuam a ceifar vidas; os bens essenciais como água potável, saneamento básico, habitação digna, medicamentos, material escolar, etc. etc., em suma, todo esse bem comum está ainda por ser plenamente realizado e posto ao serviço das populações das povoações e sucos.
Por outro lado, a sociedade timorense não deve esmorecer no cultivo dos grandes valores éticos como o perdão, a reconciliação, a tolerância, o diálogo, a solidariedade.
Pensamos nós que nesse campo, A RENETIL poderá ser o motor dinamizador de uma nova sociedade onde os valores éticos sejam cultivados e implementados. A RENETIL deverá ser o agente de paz e do desenvolvimento; a RENETIL deverá lutar contra a corrupção, a exploração, as injustiças sociais, a droga, a prostituição, o nepotismo; a RENETIL deverá ser o dinamizador da justiça social; a RENETIL não deverá permitir que em Timor-Leste haja TIMORENSES RICOS E TIMORENSES POBRES; HAJA LORO SA’E LORO MONU; INDEPENDISTAS E AUTONOMISTAS. Finalmente, queria apelar a todos os membros da RENETIL que envidem todos os esforços para trazer à nossa terra os nossos irmãos e irmãs que ainda vivem nos campos dos refugiados em NTT e noutras ilhas da Indonésia. Este é um desafio veemente quero lançar aos membros actuais da RENETIL.
Caros congressistas: afinal, a luta pela independência ainda não acabou! Os valores que levaram os jovens patriotas timorenses a fundarem a RENETL há vinte e cinco anos, continuam actuais e com a mesma exigência; os grandes ideais da unidade, sacrifício, trabalho, disciplina e entrega ao bem comum exigem de vós interiorização, vivencia e prática no dia a dia, na vida pessoal, familiar e social.
Se conseguirdes observar e praticar esses valores com o mesmo entusiasmo e espírito de sacrifico que demonstrastes em 1988, e se souberdes trabalhar para as gerações futuras, então, eu poderei afirmar que realmente estais preparados para assumir as responsabilidades de conduzir Timor-Leste ao longo deste século XXI!
Porto, 13 de Junho de 2013.
Festa de Amo Deus Coronel Santo António.
Dom Carlos Filipe Ximenes Belo
Prémio Nobel da paz 1996.
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