A LUTA CONTINUA!

Proclamação da RENETIL 20 de Junho de 1988
RESISTENCIA NACIONAL DOS ESTUDANTES DE TIMOR LESTE
Kria Sociedade nebe kritika, civika no soberana Formasaun Cidadania Hametin instituisaun estadu Kontrola no promove desenvolvimentu social

20 Junho 1988
Fundadores
Kongreso
Historia Congresso Estrutura Document
Hilmar Farid
“Renetil bagi saya bukan sekedar organisai, tapi dia adalah sebuah komitment, dia adalah sebuah senar" - HILMAR FARID (Gerakan Solidaritas untuk Timor).
Fernando La Sama
"prepara elementus profisionais ho konsiensia revolusionaria para rekonstrusaun nasional. Revolusionario ho sentidu katak anti korupsaun, anti nepotismo, anti buat ida dehan katak KKN, servi lolos povu tuir saida mak povu nia hakarak" (AMRT - Arquivo & Museu da Resistência Timorense)
Fernando Lasama Miguel Manetelu Jose Neves Samalarua Francisco JMB Belo

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Dom Ximenes Belo: Parabéns RENETIL

Parabéns RENETIL

Vai a benemérita associação Resistência Nacional de Estudantes de Timor-Leste celebrar os seus vinte e cinco anos de existência, ou seja, as bodas de Prata da fundação ocorrida a 20 de Junho de 1988.

A propósito desta feliz ocorrência, quero apresentar os meus sinceros Parabéns aos membros fundadores e a todos os membros da RENETIL e associar-me às celebrações festivas, e rogo a Deus Nosso Senhor que abençoe todos os que ainda fazem parte da RENETIL; e aqueles que já tombaram em defesa da Pátria, o Senhor dos vivos e dos mortos lhes conceda o descanso eterno.

Por outro lado, a RENETIL vai estar em Congresso. A todos os participantes apresento as minhas saudações formulando votos de felicidades.

Caríssimos congressistas: Recebi o vosso convite para participar a este vosso congresso, mas por causa de anteriores compromissos assumidos, não poderei estar presente corporalmente. Mas estarei em espírito e em solidariedade convosco fazendo votos para que o congresso venha produzir abundantes frutos em benefício da própria RENETIL e em benefício da nossa Pátria.

No dia 20 de Maio de 2002, a Independência de Timor-Leste foi internacionalmente reconhecida por Portugal (país colonizador), pela Indonésia (país ocupante) e pela Comunidade Internacional, através do Secretário-Geral das Nações Unidas, Senhor Kofi Annan. Nesse memorável dia 20 de Maio, o povo timorense exultou de alegria, por ver, finalmente, coroado de êxito o longo combate pela liberdade como “povo e como nação”.

A luta pela independência envolveu várias componentes. A nível interno, destacaram-se as Falintil, as Igrejas (católica e protestante), a Resistência Clandestina, os Lorico Asswain, os intelectuais timorenses, a RENETIL e o povo anónimo das aldeias e vilas. A nível externo: a Diáspora timorense; a Diplomacia portuguesa, os Palops, os meios de comunicação social, vários intelectuais estrangeiros e organizações não governamentais. Foi uma luta conjugada e persistente, lenta e esforçada, mas era luta que valia a pena.

Dentre as varias componentes, quero sublinhar o papel desenvolvido pelos estudantes timorenses (universitários ou de escolas secundárias) que em Timor Timur na Indonésia, Portugal, Austrália ou outros países defenderam corajosamente a independência de Timor-Leste. A luta levada a cabo pela RENETIL traduziu-se em campanhas de sensibilização, de propaganda, de manifestações, de assaltos e ocupações dos espaços dos consulados e das embaixadas. Por causa disso, muitos membros foram perseguidos, presos, torturados; outros desaparecidos e mortos. A tudo resistiram os valorosos membros da RENETIL.

A Independência foi conquistada a ferro e fogo; a liberdade foi adquirida” ho ran no kosar wen”; a dignidade do povo timorense foi reconhecida internacionalmente!

Mas, é um facto insofismável que a independência é um processo longo que tem de ser chegar a todas as camadas das populações. A grande parte da população vive na pobreza; muitos adolescentes e jovens não conseguem acabar satisfatoriamente o curso completo; não há trabalho para todos; as doenças crónicas, como a malária e a tuberculose continuam a ceifar vidas; os bens essenciais como água potável, saneamento básico, habitação digna, medicamentos, material escolar, etc. etc., em suma, todo esse bem comum está ainda por ser plenamente realizado e posto ao serviço das populações das povoações e sucos.

Por outro lado, a sociedade timorense não deve esmorecer no cultivo dos grandes valores éticos como o perdão, a reconciliação, a tolerância, o diálogo, a solidariedade.

Pensamos nós que nesse campo, A RENETIL poderá ser o motor dinamizador de uma nova sociedade onde os valores éticos sejam cultivados e implementados. A RENETIL deverá ser o agente de paz e do desenvolvimento; a RENETIL deverá lutar contra a corrupção, a exploração, as injustiças sociais, a droga, a prostituição, o nepotismo; a RENETIL deverá ser o dinamizador da justiça social; a RENETIL não deverá permitir que em Timor-Leste haja TIMORENSES RICOS E TIMORENSES POBRES; HAJA LORO SA’E LORO MONU; INDEPENDISTAS E AUTONOMISTAS. Finalmente, queria apelar a todos os membros da RENETIL que envidem todos os esforços para trazer à nossa terra os nossos irmãos e irmãs que ainda vivem nos campos dos refugiados em NTT e noutras ilhas da Indonésia. Este é um desafio veemente quero lançar aos membros actuais da RENETIL.

Caros congressistas: afinal, a luta pela independência ainda não acabou! Os valores que levaram os jovens patriotas timorenses a fundarem a RENETL há vinte e cinco anos, continuam actuais e com a mesma exigência; os grandes ideais da unidade, sacrifício, trabalho, disciplina e entrega ao bem comum exigem de vós interiorização, vivencia e prática no dia a dia, na vida pessoal, familiar e social.

Se conseguirdes observar e praticar esses valores com o mesmo entusiasmo e espírito de sacrifico que demonstrastes em 1988, e se souberdes trabalhar para as gerações futuras, então, eu poderei afirmar que realmente estais preparados para assumir as responsabilidades de conduzir Timor-Leste ao longo deste século XXI!

Porto, 13 de Junho de 2013.
Festa de Amo Deus Coronel Santo António.

Dom Carlos Filipe Ximenes Belo
Prémio Nobel da paz 1996.

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